sábado, 12 de novembro de 2011

Boa Noite

Entardecer. Bar do Camilo. Voz e violão. O misto das nuances do crepúsculo apertam meu coração, como quem quer abraçar e transmitir carinho, mas ainda assim machuca. A soma das melodias me aliviam, são elas que vão, aos poucos, me devolvendo o ar. Essa combinação, como uma experiência bem-sucedida, me presenteiam com a sensação que tanto procuro, mas que poucos momentos me proporcionam... A sensação de que me encaixo em algum lugar. Enquanto tudo vai fluindo naturalmente, eu paro e vejo as luzes da cidade se ascendendo ao meu redor. O tempo passa. O sorriso no rosto, no mesmo rosto que abriga a lágrima de saudade, saudade que inunda o copo. Cheio, o copo é virado e a quente bebida aquece o corpo, o corpo que dá vida às notas que causam o sorriso. E o ciclo não pára enquanto o relógio prossegue. As horas atravessam a noite e eu observo, participo, sinto. O rio reflete a lua, meu espírito reflete o rio. E, assim, as vidas vão prosseguindo...

terça-feira, 9 de agosto de 2011

E mais uma vez você surge, lembrando-me das minhas noites vazias, da minha estafa e do meu pesar. O espaço entre nós é tão grande quanto a minha distância de mim mesma? Creio que não. Por que temos que ser tão parecidas? Reclusas, tristes, sozinhas. Mesmo com todo um universo ao nosso redor, nos prendemos firmemente no reflexo do infinito mar da nossa dor, praguejando-o silenciosamente enquanto as ondas desfiguram nossa imagem. Mas não culpe o mar, querida, culpe a si mesma, da mesma forma que me culpo! Ele apenas brinca com a projeção da nossa imagem, ela não é real. O lado verdadeiro está pra dentro, no âmago do seu espírito, na morada do seu ser, onde mais ninguém pode enxergar.

O que te torna tão fria? O que te levou à solidão? Não são questionamentos aleatórios, são perguntas que precisam ser resolvidas. Pois, se eu compreender o que você esconde, talvez descubra a chave para a jaula que me prende dentro de mim, que me torna uma imagem fraca e imperceptível. Gostaria de entender como vive tão só, mesmo esbanjando tanto charme e beleza. Será que é o mesmo que acontece comigo? Em que momento eu desviei do caminho?

Disseram-me que você perdeu o brilho quando se apaixonou por aquele que não podia ter. Vê como somos parecidas? Percebe como o amor nos fez perder nossa própria identidade? Eu sou igualzinha a você. Quando finalmente chegamos onde ele supostamente deveria estar, só encontramos um imenso vazio. Há pequenos pontinhos de luz ao nosso redor, mas são ignorados, são irrelevantes. Tudo com o que nos importamos, é aquele cheio de luz, aquele que roubou o nosso brilho, aquele que não podemos ver, aquele que não quer nos ver.

Em que momento, como eu, o seu brilho virou apenas o reflexo do brilho dele? Quando foi que você passou a ser tão dependente de alguém? Espero que não tão cedo quanto eu, minha cara! Espero que você tenha tido a oportunidade de viver um pouco mais. Enfim, não quero mais te importunar! Só gostaria de fazer uma última pergunta... Já se questionou sobre como seria se apaixonar por um daqueles feixes de luz que te rodeia? Sim, eu sei que é loucura, não se pode notar uma pequena luz enquanto se está concentrada em toda a claridade!

Agora, por favor, vá embora. Deixe-me recobrar minha sanidade, ou o mais semelhante disto que eu possuir. Mas, quando as respostas estiverem mais claras pra você, me avise. Estarei aqui, esperando sua resposta. Boa noite, Dona Lua.

Carinhosamente,

Sua Semelhante.

domingo, 17 de julho de 2011

Morte

E como num sonho você nos deixou. Não um sonho bom, apenas um sonho. Um momento onde cria-se um mundo paralelo e tudo gira em torno daquele instante. Um sonho onde permanecemos presos até acordarmos. Parece simples, mas não é. Acordar é a parte mais difícil, é o momento em que se percebe e se tem consciência de tudo ao seu redor. É o momento de ver que tudo é real: a dor, aa saudade, o pesar. É o momento de tentar se reerguer e procurar enxergar um sentido maior para tudo isto, encontrar um caminho e uma resposta para passar pelo sofrimento e curar as feridas, mesmo sabendo que as marcas permanecerão na pele.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Costume

Depois de você o amor virou pó. Sabe, no início era intenso, era chama. Mas acho que com a distância e com o passar do tempo o amor virou um costume. É confortável, é aconchegante e reconfortante. Fez com que ninguém mais me tocasse, todos os outros foram passageiros. Não que você me fizesse bem, mas eu não sabia (e ainda não sei) como não te amar, eu aprendi assim e assim ficou. Dói mais sem você, eu posso garantir. Porque, se não o tivesse como minha âncora, todos os passageiros se tornariam reais. Eu não teria como dizer a mim mesma quando um destes passageiros me magoassem: “Ei, não importa! Não é dele que você gosta mesmo.”, e continuar me iludindo. Eu prefiro ser cega e me livrar de decepções (ou ao menos tentar), do que ter que encarar a realidade. Porque, sejamos francos, não há nada mais doído e cruel do que a realidade de um amor não correspondido, ou correspondido de uma forma errada, de uma forma diferente da que você gostaria.

Eu não o culpo por não me amar, eu o culpo por me deixar te amar por tanto tempo a ponto deste amor virar um vício do qual não consigo mais me libertar.

Singular e Plural

Existe uma forma bem particular sobre como sinto as coisas. Intenso, urgente, inconstante. Sinto tudo e ao mesmo tempo não sinto nada. É complexo e simples. É apressado e retardado. É racional e irracional. É a mesma coisa que milhares de pessoas sentem, só que de uma forma que mais ninguém sente. Porque é meu, é universal, mas é só meu. Chamamos pelo mesmo nome, mas a resposta é diferente. E não importa o quanto digam que sabem como me sinto, na verdade não sabem. Porque é como eu me sinto, e por mais que tenham passado por algo parecido, o sentimento é o mesmo, mas o sentir este sentimento é algo pessoal. Por isto que eu digo que sinto tudo de uma forma bem particular, porque eu sinto tudo de forma ímpar, de uma forma única.

Está tudo bem

“Oi”, “Tudo bem?”, “O que tem feito?”, “Nunca mais o vi”... Uma vida movida por frases automáticas, sorrisos falsos e risos forçados. Mesmos lugares de sempre, mesmas pessoas de sempre. Um coração, ou quase isto. Não sei se é real se não vibra, se não bate, se não bombeia. Algo inerte é algo existente, presente ou sequer significável? Eu digo que não, porque, pela minha denominação de existência, presença e significância, é preciso ter pulso, é preciso sentir. Então talvez a dor não seja algo tão ruim, se dói é porque é vivo, é porque sente. O mesmo corpo que representa e finge despreocupação, indiferença e descaso, chora por dentro, se corta sem querer e sangra, sangra muito. Os caminhos nem sempre o levam aonde quer chegar e quer saber? Eu não concordo quando dizem que existem muito mais momentos alegres que tristes, é algo que depende de como encaramos as coisas. Mas também discordo que a forma de encarar mude tudo, muda muita coisa, mas não muda tudo. O fato é que não importa quão otimista sejamos, em alguns momentos teremos que cair, teremos que sofrer e sangrar. Isso faz parte da longa caminhada que é a vida, tudo está bem.

sábado, 30 de abril de 2011

Ações

Se me perguntar se me arrependo de doar o meu tempo, minha energia e o meu coração para escrever sobre paixões rápidas que não vão dar certo, a resposta é não. Porque, por mais que não seja duradouro e que eu acabe magoada no fim, vale a pena. Cada sentimento é um sentimento, e cada um deles é dono de um momento ou, as vezes, até mais de um. Quando alguém diz que não se arrepende das coisas que fez, eu não me permito acreditar. Porque independente de quão nobre os seus atos ao longo da vida sejam, sempre há algo pelo qual nós voltaríamos. Mas, isto posso dizer com convicção: me arrependo muito mais do que deixei de fazer. Me arrependo das vezes que quis escrever e não escrevi, das vezes que quis chorar e não chorei e das vezes que quis falar e não falei. Porque acredito que o que forma o ser humano é o conjunto de suas atitudes e, se não existem atos, não existe vida.

terça-feira, 1 de março de 2011

Milhas e milhas...

Estou imersa dentro de mim. Estou inerte na brecha de um tempo que não passa, pensando em mim, pensando em você, pensando em nós. Tentando descobrir o que deve estar passando pela sua cabeça à milhas e milhas daqui, e espero que seja eu. Espero que à noite, quando você vai deitar, a minha imagem seja a última a passar pela sua cabeça. Espero que neste instante o seu coração bata no mesmo ritmo que o meu, que a sua respiração acompanhe a minha, como na noite em que você me cobriu, sussurrou boa noite e toda a minha alma inundou de uma alegria jamais vista. Espero que quando você olhe pra cima e veja uma noite estrelada, lembre do brilho dos meus olhos te invadindo, te despindo e te expondo. Também espero que sinta um forte aperto no peito quando a nossa canção tocar baixinho, te lembrando de cada sorriso, de cada beijo, de cada abraço e, principalmente, de cada olhar. E, enquanto me afundo cada vez mais dentro de mim e perco o ar, espero que sinta a minha falta, pois cada célula do meu corpo grita o seu nome.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Pôr do Sol

A luz do sol tocou sua nuca e não consegui ver mais nada, só sorrir e me contentar com aquele momento, com aquele toque e aquela melodia. Seus olhos perdidos encontram os meus, me dizem tudo o que eu queria ouvir e me invadem, me rompem e me expõem. Tento fugir, mas mergulho em teu sorriso e isso basta pra eu ficar. As notas tocadas me remetem ao tempo onde eu não arriscaria, onde mandaria você embora pra sempre e isso me fere de uma maneira estranha e inesperada. Antes me preocupava com o fato de você mexer comigo, agora temo que não o faça. Porque já somos um e não podemos evitar. O mesmo sol que queima seu cabelo toca o meu rosto e se despede cedo demais. O crepúsculo leva o meu medo, baixa a minha guarda e me faz aceitar que já estou entregue e não há mais para onde fugir.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

"Tell me why you couldn´t see
When I left I wanted you to chase after me yeah
I said leave, but all I really want is you
To stand outside my window throwing pebbles
Screaming: "I'm in love with you""

Taylor Swift - The Other Side of the Door

Doeu. Doeu muito. Quando virei as costas, comecei a dar passos lentos e você não veio atrás de mim, me machucou de uma forma que nada nem ninguém havia me machucado há muito tempo. Porque eu queria que você se importasse metade, ao menos metade do que eu me importo. Agora eu estou sentada aqui, sentindo frio mesmo com o tempo estável e matando, aos poucos, a esperança de que você corra até aqui, me abrace, me beije e diga quão importante eu sou pra você.

Seguidores