domingo, 26 de setembro de 2010

.Estou de luto pela minha geração. Por todas as formas com que ela tem envergonhado aqueles que um dia já foram jovens e àqueles que ainda virão a ser.
.Olhe pra trás, a apenas 50 anos a realidade era outra. Diversos grupos de jovens se uniam e se rebelavam contra a ditadura militar. Jovens que não se importavam com as consequências de uma atitude nobre, priorizavam apenas o que pensavam que traria um melhor futuro para o nosso país, e trouxe. Veja só, um país livre da ditadura, e boa parte dessa conquista se deve aos jovens.
.Há pouco mais de 20 anos, os jovens lutaram e conquistaram algo muito importante: o direito ao voto para adolescentes de 16 e 17 anos. A Constituição de 1988 provou a capacidade e a responsabilidade que tinham, que viria a ser colocada em jogo e contestada alguns anos depois.
.Atualmente, os jovens não têm crédito algum. São taxados de alienados, com razão, são raras as exceções. As justificativas para não votar variam de motivos extremamente estúpidos à motivos estúpidos. Desde preguiça de enfrentar fila à corrupção dos políticos. Mas são apenas desculpas, pois se houvesse preocupação não existiria motivo forte algum à ponto de deixarem de votar. Se a corrupção incomodasse tanto, interviriam para que ela, ao menos, diminuísse.
.Estou de luto pela minha geração. Estou de luto pelo descaso, estou de luto pela falta de compromisso, estou de luto pela falta de amor à nação que, consequentemente, significa falta de amor por si mesmo. Estou envergonhada em nome daqueles que desistiram de fazer com que o resto se conscientize. Mas eu não vou me acovardar, e rezo para que quando alguém que não se importa leia isso, não apenas se envergonhe, mas mude.
.Eu falo por aqueles que deveriam ser beneficiados: os que não tem onde morar, os que não conseguem sair de suas próprias casas por causa de enchentes, de buracos, de cansaço de tanto lutar. São esses os que mais pagam com o descaso daqueles que têm conforto, que têm uma voz, mas se calam. O que posso dizer? Sou apenas eu contra o mundo, apenas mais uma voz inaudível no meio de uma multidão.

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